Mahoning, 1956, Franz Kline
me encanta o teu discurso mudo
e o ruído dos teus cabelos em meu nariz
o teu espanto e o espasmo da
contemplação de ver os dias contigo me
encanta a rede no chalé a
montanha e você percebendo marimbondos
na lua no colo na fila do
supermercado e me encanta o mistério de uma estrela
pendurada sem fio lá no teto da
nossa mágoa como me
encanta a beleza com
os pés fincados na terra, as estações, os meses, os anos, mesmo que eu saiba
de
toda impermanência a vida resmunga como madeira na mão do artista a sentir os
dedos
brincando nas minhas orelhas a ouvir o teu juízo de
louca a lamber as minhas pupilas
o teu amor aos macacos, tucanos,
cobras, araras e tua sede deitada na rede de água
e a graça do ruído inexplicável
de quando fala de pés suados aos pés dos pássaros